sábado, 26 de março de 2011

LÚPUS

O QUE É LÚPUS?






O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença inflamatória crônica de causa desconhecida em que há uma participação do sistema imunológico com a formação de auto-anticorpos, que podem “agredir” o organismo através de inflamação de múltiplos órgãos e sistemas. É uma doença que até o momento não tem cura. É mais freqüente em mulheres na época do período fértil que compreende teoricamente da primeira até a última menstruação e, portanto a ação do hormônio sexual feminino chamado estrogênio desempenha um papel no desenvolvimento e recaídas da doença. Estima-se que nesta faixa etária 90% dos casos ocorram em mulheres. Nos períodos da pré e pós menopausa as incidências entre homens e mulheres tendem a se aproximar.


Até o momento não há evidência de que a causa seja psicossomática, a causa é desconhecida. O estresse psíquico de qualquer natureza pode piorar a doença, mas este conceito vale para todas as doenças crônicas, e cada caso deve ser individualizado e a familiarização na relação médico-paciente ajuda nesta abordagem.


DR. JOSÉ CARLOS MANSUR SZAJUBOK –
REUMATOLOGISTA - SOCIEDADE PAULISTA DE REUMATOLOGIA –
FACULDADE DE MEDICINA ABC





CAUSAS


O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) As causas do lúpus não são totalmente conhecidas, mas sabe-se que fatores ambientais e genéticos estão envolvidos.
Embora o lúpus seja conhecido por ocorrer dentro de famílias, não há um gene ou genes identificados como responsáveis pela doença. Apenas 10% dos pacientes vão ter um parente próximo (pai ou irmão) que já tenha ou venha a desenvolver a doença. As estatísticas mostram que apenas 5% de filhos de pacientes vão desenvolver o lúpus.
A formação de anticorpos contra várias proteínas celulares (auto-anticorpo), causando inflamação dos pequenos vasos (vasculite) e conseqüente lesão desses locais. Vários tecidos e órgãos podem ser acometidos, nas combinações mais variadas. Alguns pacientes apresentam quadros mais leves (somente envolvimento da pele, por exemplo) e outros podem apresentar quadros mais graves com envolvimento de órgãos importantes (rim e cérebro, por exemplo).
Embora não se conheça a causa, fatores genéticos, hormonais (estrógenos), ambientais (luz solar, estresse excessivo, medicamentos, infecções), estão associados ao desenvolvimento da doença. O peso de cada um desses fatores difere de paciente para paciente. Com relação aos fatores desencadeantes da doença ou fatores que exacerbam uma doença inativa, destacam-se a irradiação ultravioleta (solar e, em menor intensidade, das luzes brancas artificiais). Alguns pacientes podem apresentar um quadro de Lúpus Induzido por medicamentos (hidralazina, isoniazida, sulfas, e outros menos comuns); é o chamado Lúpus Induzido por Drogas. Infecções virais podem estar implicadas no desencadeamento da doença, embora seja um fator ainda não bem esclarecido. O mesmo se aplica ao stress emocional. Não há alimento específico que esteja implicado com a doença, no entanto uma dieta voltada às condições associadas como, por exemplo, o aumento do colesterol, hipertensão arterial e diabetes, tem um papel fundamental no tratamento. O álcool e o fumo devem ser proibidos no Lúpus. Sabe-se, por exemplo, que pacientes que fumam respondem pior ao tratamento (principalmente da pele).


DR. LUIZ CARLOS LATORRE
DRA. MARINA VERAS DE MORAIS
REUMATOLOGISTAS - HOSPITAL HELIÓPOLIS



TIPOS DE LÚPUS

Existem três tipos de lúpus: discóide, sistêmico, e induzido por drogas.

O lúpus discóide (cutâneo): sempre se limita à pele. É identificado por inflamações cutâneas que aparecem na face, nuca e couro cabeludo. A forma mais comum desse envolvimento é a forma discóide que se refere a lesões arredondadas, com bordas bem definidas, com interior no início avermelhadas e posteriormente atróficas.
Esse tipo de lúpus é diagnosticado através de uma biópsia do tecido atingido pela inflamação. Nesse caso, a biópsia vai mostrar anormalidades que não são encontradas na pele normal (sem inflamações). Geralmente esse tipo de lúpus não atinge órgãos internos do corpo. Nesse caso, o teste ANA, um teste sangüíneo usado para detectar lúpus sistêmico, pode dar negativo. Entretanto, esse teste é positivo em um grande número de pacientes, apesar de apresentar um nível bem baixo.
Em aproximadamente 10% das pessoas com lúpus, o lúpus discóide pode evoluir para a forma sistêmica da doença, que pode afetar quase todos os órgãos ou sistemas do corpo. Isto não pode ser previsto ou prevenido, ou seja, o tratamento do lúpus discóide não vai evitar sua progressão para a forma sistêmica. Indivíduos que avançaram para a forma sistêmica, provavelmente já a tinham desde o início, tendo a inflamção discóide como principal sintoma.

O Lúpus sistêmico: é geralmente mais grave do que o lúpus discóide e, como já foi dito, pode afetar quase todos os órgãos e sistemas do corpo. Em algumas pessoas, apenas a pele e as juntas serão afetadas. Em outras, as juntas, pulmões, rins, sangue e outros órgãos e/ou tecidos podem ser afetados.
Nesses casos, os exames de sangue já se mostram alterados, sendo o exame “fator antinúcleo” (FAN) quase sempre positivo, embora também possa ser positivo em outras doenças.
Geralmente, duas pessoas com lúpus sistêmico não vão apresentar sintomas idênticos. Ele pode incluir períodos onde poucos, se algum, sintomas são evidentes (remissão) e outros quando a doença se torna mais ativa (crise). Na maioria dos casos, as pessoas se referem ao lúpus na sua forma sistêmica.

O lúpus induzido por drogas: ocorre após o uso de certas drogas prescritas (medicamentos). Os sintomas são similares aos da forma sistêmica. As drogas mais comumente relacionadas com lúpus são hidralazine (usada para tratar pressão alta ou hipertensão) e procainamide (usada para tratar ritmos irregulares do coração). Entretanto, nem todas as pessoas que tomam essas drogas vão desenvolver manifestações desse tipo de lúpus, apenas 4%. Desse número, apenas uma quantidade bem pequena vai desenvolver esse tipo de lúpus por completo. Os sintomas normalmente desaparecem quando a medicação é suspensa.


Tabela de Sintomas

TRATAMENTOS E MEDICAÇÕES

Embora a doença não tenha cura, o seu tratamento está bem definido e tem como objetivo deixar o paciente fora de atividade, tendo a mesma boa qualidade de vida com o menor número de medicamentos possíveis. Para isso, durante a atividade da doença, alguns medicamentos devem ser utilizados, sempre com a orientação médica. Com isso, a remissão da doença é atingida mais cedo, com menos seqüelas, voltando o paciente às suas atividades normais. O controle da doença deve ser feito para sempre, detectando novas exacerbações logo no início, tratando-as precocemente e com mais chance de melhora em menos tempo.

Os medicamentos usados para tratar o LES variam desde analgésicos simples até medicamentos mais fortes como os imunossupressores. O reumatologista é o médico que deve orientar esse tratamento eventualmente recorrendo, em algumas circunstâncias, ao apoio de outras especialidades. Os antiinflamatórios chamados não-hormonais (diclofenaco, ibuprofen, naproxeno, etc.) são freqüentemente usados, porem cuidado deve ser tomado devido a eventuais efeitos colaterais como gastrite, úlcera e inflamação renal (nefrite). Seu uso, bem como de todos os outros medicamentos, deve sempre ser orientado por médico, nunca usado por conta própria. O uso dos antimaláricos (cloroquina e hidroxicloroquina) é extremamente útil no controle das manifestações de pele e articulares da doença.

Outros medicamentos muito usados e úteis, quando orientado por reumatologista, são os antiinflamatórios chamados hormonais (corticosteróides) Seu uso é muito comum para tratar a atividade da doença e, devido aos potenciais efeitos colaterais (hipertensão, diabetes, osteoporose, aumento de peso, etc., etc., etc.…), deve ser usado com orientação do reumatologista por tempo o mais breve possível. Nos casos mais graves ou para reduzir mais rápido os corticosteróides, são utilizados os imunossupressores. Esses medicamentos são usados para diminuir a produção dos anticorpos citados no tópico Definição. Essas drogas têm muitos efeitos colaterais (alergias, infecções graves, etc.) e são úteis somente quando o tratamento é orientado por médico, nunca por conta própria. Medidas gerais de orientação de hábitos como parar de fumar, parar de beber álcool, exercícios nos períodos de remissão da doença, dieta saudável, protetores solares são sempre úteis no tratamento. O controle da pressão, dos níveis de colesterol, do stress, da vida sedentária é muito importante.

DR. LUIZ CARLOS LATORRE
DRA. MARINA VERAS DE MORAIS
REUMATOLOGISTAS - HOSPITAL HELIÓPOLIS


CONVIVENDO COM O LÚPUS/ESTADO EMOCIONAL


Na maioria das vezes, quem acabou de descobrir que tem Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), já está cansado de passar por exames, diversos médicos, diagnósticos… isso porque o Lúpus ainda é desconhecido por muita gente. Todo esse tempo perdido, além do desgaste físico e emocional enfrentado pelo paciente em busca de uma resposta aos seus sintomas, faz com que a doença já seja encarada como uma ameaça, um grande problema. Muitos pacientes até desenvolvem algumas reações de fuga, negação entre outras defesas psicológicas, pois de uma hora para outra, tudo parece mudar repentinamente.
Os primeiros sintomas já produzem uma série de “fantasmas” na cabeça de quem apresenta Lúpus: “Porque logo eu?”, “Quanto tempo terei de vida?”, “Conseguirei ter um filho?”, “Vou perder meu emprego?” Pensamentos punitivos como se a doença tivesse aparecido como um castigo também são freqüentes. Há também confusão com outras doenças, como câncer, AIDS e outras tantas estigmatizantes, devido novamente ao desconhecimento da doença. Nestes casos são necessários alguns esclarecimentos:

Embora a doença apareça mais freqüentemente nas mulheres em idade fértil, também há homens, crianças e idosos que apresentam a doença, da mesma maneira, a doença não elege quem tem mais ou menos dinheiro.
Diversos pacientes têm filhos, apresentando gestações e partos sem nenhum problema. Mas é importante ressaltar que há momentos que uma gravidez deve ser evitada para quem tem Lúpus, principalmente quando a doença está em atividade ou quando o paciente apresenta doença renal. Nestes casos, além da possibilidade de perder o bebê, a mãe corre riscos e a doença pode entrar em atividade. O melhor a ser feito é um planejamento familiar com seu médico de confiança, para avaliar a possibilidade e a melhor hora para engravidar. Como a doença e as pessoas são muito diferentes umas das outras, cada caso deve ser avaliado cuidadosamente.

Poucos pacientes mantém-se no trabalho e fazem questão de manter-se ativos. Muitos pacientes alegam que as artralgias, fadiga, além de outros diagnósticos como a fibromialgia impedem de exercer uma rotina. Infelizmente algumas empresas dispensam funcionários, cujo motivo principal alegado é a falta no serviço para fazer exames ou para ir a uma consulta médica. Porém, empresas mais flexíveis que levam em conta o bem estar das pessoas, costumam compensar as faltas com banco de horas, horas extras ou desconto em folha de pagamento. Parece que tudo depende da visão do administrador do negócio.

Em casos de desemprego e incapacidade para trabalho, ele deve solicitar auxílio na Previdência Social.
Mas é com o tempo, o conhecimento e controle da doença que o paciente entende que é possível viver numa boa.

Quem descobre que tem Lúpus deve procurar periodicamente um médico especialista na área. Os reumatologistas concentram o maior número de profissionais neste aspecto. Outros médicos de outras especialidades também podem e devem ser consultados, principalmente quando o paciente apresenta algum dano em órgão ou sistema específico, como por exemplo; os rins. Nestes casos, o paciente apresenta uma nefrite lúpica e, portanto, deve ser consultado com médicos nefrologistas.
Em casos onde o paciente apresenta acometimento da pele e cabelos, vale uma consulta com um dermatologista, principalmente se a especialidade dele for dermatoimune, os pacientes que apresentam acometimento neurológico, devem consultar um neurologista e assim por diante.
Se o paciente tiver a possibilidade de ser atendido por uma equipe multidisciplinar, melhor ainda! Os fisioterapeutas podem atuar tanto na estética (minimizando os inchaços), até com exercícios para as artralgias (dores nas juntas). O nutricionista poderá indicar uma dieta saudável, objetivando desde a disposição até a restrição de algum alimento sabidamente nocivo. Um psicólogo poderá junto ao paciente equacionar seus problemas emocionais e promover o autoconhecimento e controle para minimizar os efeitos da doença.

Outros profissionais também podem ajudar o paciente. Resta a ele verificar a autenticidade dos tratamentos a que se submete, pois, muitas vezes o paciente é prejudicado ao fazer o que leigos no assunto aconselham.
O paciente geralmente desespera-se quando descobre que a doença é crônica, ou seja, que ele precisará de acompanhamento e tratamento ao longo da vida. A opção neste caso é tratar-se da melhor maneira possível, evitando os fatores de risco e buscando qualidade de vida.

Logicamente, o paciente precisará de tempo para lidar com a rotina médica, além das medidas terapêuticas diárias, como usar protetor solar diariamente, tomar os medicamentos entre outras recomendações. Inicialmente muitos pacientes sentem-se inúteis, pois abdicam de suas tarefas para dedicar-se ao tratamento, mas depois de um tempo, percebem o quão foram relapsos consigo antes mesmo do diagnóstico e enxergam benefícios neste auto-cuidado.
Alguns poderão apresentar sinais estéticos indesejáveis, como inchaço pelo rosto e/ou corpo, estrias, quedas de cabelos, manchas e feridas pela pele… Geralmente estes sinais são transitórios e estão relacionados à atividade da doença ou efeito colateral de algum medicamento. Sendo assim, a preocupação do paciente neste momento deve ater-se ao seu tratamento e não a questão estética e comentários advindos deste, afinal o “conteúdo é mais importante do que a forma”.

É comum que muitos pacientes ficam incomodados com comentários de conhecidos, que na maioria das vezes desconhecem a doença, fazendo com que o paciente “esconda” que tem Lúpus para evitar estes infortúnios. Quanto a falar ou não sobre a doença, o paciente deve saber quando, o que, para quem, onde e como dizer, se dizer, que tem Lúpus. Isto, se lhe for conveniente. É sempre necessário que o paciente respeite seu tempo e seus sentimentos e não a vontade dos outros.

Fazer o que gosta e evitar aborrecimentos é superar-se!

 
Reumatologia/Reumatismo
Lúpus Eritematoso Sistêmico e os sintomas
4/06/2004

























Um comentário:

  1. CRIEI PUBLICAÇÃO FACEBOOK DO WAGNER MONTES PEDINDO QUE APROVEM A LEI 7797/2010 QUE BENEFICIA OS PORTADORES DE LUPUS, EPILEPSIA E ARTRITE REUMATICA VISITEM O LINK ABAIXO E DEIXEM SEUS COMENTARIOS
    http://www.facebook.com/pages/Tropa-do-Wagner-Montes/241724662524372

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